XANGÔ

É o Orixá do raio e do trovão, do fogo, da justiça, da administração e da política.

Nas lendas africanas seus pais são Oraniã, que foi um dos reis de Ifé e o fundador da cidade de Oió, e Torosi, filha de Elempê, rei da nação Tapá (nupes). Entretanto, muitos na Umbanda consideram Oxalá e Iemanjá seus progenitores.

Segundo Pierre Verger podemos descrever Xangô tanto do ponto de vista histórico como do ponto de vista religioso.

Foi o terceiro (ou quarto) rei de Oió, reino que muito fez crescer e prosperar. Para assumir o reino, Xangô destronou e matou seu irmão Dadá Ajaká, o que muito mostra a sede de poder deste Orixá.

Excepcional soberano, é sábio juiz e administrador. Muitos o adoravam e tantos outros o temiam. Mas ninguém era indiferente ao rei. Enquanto Oxóssi era rei de Ketu, Xangô era considerado rei de toda a nação Ioruba.

Após sua morte foi divinizado, como era comum acontecer com os grandes reis e heróis. Após tornar-se orixá, seu culto era o mais célebre de Oió, sendo que os reis subsequentes a Xangô, também eram considerados seus sacerdotes.

Quando não estava em guerra, defendendo e ampliando os horizontes de seu reino, Xangô estava em seu palácio onde recebia seus súditos, aos quais ouvia, ajudava e aconselhava, e, é claro, julgando suas pendências.

É um orixá muito temido e respeitado, viril e violento. Dizem que Xangô castiga os mentirosos e malfeitores com seu raio, e, por este motivo, na África a morte por raio é considerada infame, pois teria sido o resultado da ira de Xangô.

No mesmo raciocínio, se um raio atingir uma casa, seu proprietário é obrigado a pagar altas taxas ao sacerdote de Xangô, o qual após recolher o tributo, revolve o entulho da casa atingida em busca da pedra que foi atingida pelo raio, pois este é um dos símbolos máximos deste orixá.

Suas armas são a bola de fogo que solta pela boca e o machado de duas lâminas, que ora corta para fazer o bem e ora corta para ceifar o mal. Outra visão sobre o machado é que cortará a quem quer que seja para se fazer a justiça. O juiz da espiritualidade sempre tem que olhar para os dois lados.

Algumas doutrinas dizem que foi Xangô que trouxe para os homens o culto dos ancestrais (Egungun), pois teria ido ao mundo espiritual com a ajuda de Orunmilá para abraçar pela última vez sua filha mais querida que havia sido morta por feiticeiras. Uma vez no mundo dos mortos, Xangô dominou seus segredos e estabeleceu seu culto. Estas doutrinas relatam ainda que detinha grandes conhecimentos de magia, mas que só os utilizava em casos de grande necessidade.

Já tantas outras dizem que Xangô tem uma enorme aversão por sofrimento, doenças e a própria morte. Seu temor pela morte é tão grande que ele abandona seus filhos sete meses antes de seu desencarne, entregando-os aos cuidados de Obaluaê.

Xangô tinha muitas esposas, entre elas, Obá, a menos querida, Oxum, que era casada com Oxóssi e que Xangô a fez deixar o marido, e Iansã que ele raptou. Xangô é considerado muito mulherengo. O erotismo, a sensualidade e a conquista sexual estão muito ligados a ele.

Xangô é a autoridade presente, e, como suas pedras, é pesado, sólido e indivisível. Seus filhos constantemente pedem em orações que ele os ajude a não infringir a lei, seja dos homens ou da espiritualidade, por medo da cólera de seu pai.

É certamente, ao lado de Iemanjá, um dos orixás mais conhecidos e cultuados no Brasil, sendo que no Nordeste existe até um culto com seu nome. Não era incomum antigamente, o nome de Xangô ser associado ao do próprio Candomblé.

Tudo o que se refere a estudos, ao conhecimento especializado, ao direito, contratos, demandas judiciais, elaboração de normas e leis, documentos trancados e confidenciais, pertencem a Xangô.

Está envolvido na melhora e no progresso social e cultural. No dia a dia, encontramos Xangô nos movimentos sociais, campanhas, partidos políticos, sindicatos, repartições públicas, fóruns judiciais, cartórios, delegacias, nas diretorias de grandes empresas. Enfim, tudo o que se refere às relações e ciências humanas, administração e governo.

Conta outra lenda que Xangô, cercado por inimigos, derrotado e humilhado, refugiou-se na floresta tendo por companhia a inseparável Iansã. Lá ambos se enforcaram, mas seus corpos não foram encontrados. Haviam ido para o Orun (céu), onde foram transformados em orixás.

Invocamos Xangô nos casos de demandas judiciais, justiça em geral, para a prosperidade e o dinheiro, para adquirir conhecimento (principalmente o especializado), para o auxílio na administração, e até mesmo em desastres naturais como terremotos, vulcões e avalanches. Muitos recorrem a ele também para conseguir o equilíbrio, seja material, emocional ou espiritual.

Características dos filhos de Xangô

Os filhos de Xangô tem um tipo físico forte, muitas vezes atarracado, mas com alguma gordura, pois sempre tendem a obesidade. Tudo acompanhado de ombros largos e uma estrutura óssea extremamente densa e firme, como uma rocha.

Já suas filhas podem não ter a elegância como atributo fundamental, seguindo o mesmo tipo físico, podem parecer masculinizadas e às vezes, grosseiras.

Os filhos deste orixá tem uma atração pela infidelidade muito grande. Sejam homens, ou mulheres, das quais muitos autores dizem ser as mais ardentes do mundo. A conquista e a prática sexual são vistas como algo vital para os filhos de Xangô. Entretanto, como acontece com todas as suas conquistas, não sabe o que fazer com elas após a vitória, o que faz com que sejam frequentemente frustrados e fracassados no amor.

São extremamente cheios de energia e tem sempre enorme autoestima. Tem consciência de sua importância e de sua nobreza. Independente de quem seja, a chegada de um filho de Xangô é como a chegada de uma grande autoridade.

Sempre são procurados por pessoas mais velhas ou mais experientes para dar conselhos, mesmo que ele não conheça o assunto profundamente. Suas orientações são sempre sensatas e coesas, sempre muito justas.

São honestos e sinceros, não admitem mentiras e nem traições. Não admitem dar satisfações e odeiam ser questionados sobre suas atitudes. São teimosos e vaidosos, jamais acatam opinião dos outros e adoram dar a última palavra.

Quando contrariados ficam enfurecidos e incontroláveis. Resolvem tudo de forma destruidora e com muita rapidez. Passado o rompante, recompõe-se com facilidade e voltam a normalidade.

O humor do filho de Xangô é variável e costumeiramente indócil. Entretanto, são incapazes de cometer intencionalmente algum mal contra alguém. São exigentes mas sabem elogiar e recompensar muito bem aqueles que o cercam, quando estes acertam.

São líderes natos e sabem trabalhar muito bem com pessoas sob seu comando. Adoram dominar e influenciar as pessoas. São autoritários, mas honestos e equilibrados.

São justos, honestos. Não fazem injustiças e são incapazes de fazer escolhas movidos por paixões, amizades ou interesses. Orgulhosos e teimosos, jamais admitem ter se enganado.

Equilibrados, os filhos de Xangô podem ser obstinados, inteligentes, ponderados e altivos. Em desequilíbrio são mesquinhos, vaidosos, inócuos, corruptos e conservadores.

Eloquentes e sociáveis, sabem se postar perante o público e tem facilidade para fazer amizades duradouras.

Gostam de comer e beber muito bem. Gostam das coisas boas da vida compartilhando tudo com sua família e amigos, a quem adoram agradar.

No início da carreira profissional podem ter muitas desilusões, alcançam todos os objetivos entre erros e acertos. A sorte está sempre a seu lado, o que o motiva e o encoraja a prosseguir. Sua franqueza e honestidade faz com que colecione alguns desafetos, mas nem por isso fará diferente da próxima vez.

É cortês, generoso e diplomata. Tem grande facilidade para ganhar dinheiro, mas pouco juízo para gastá-lo.

Se existe um ponto fraco para os filhos de Xangô, esta é a criatividade. Possuem muita dificuldade de criar coisas novas, por isso preferem melhorar as que já existem.

Discussões e desentendimentos são comuns para quem convive com o filho deste Orixá. Não admite ser cobrado ou vigiado, embora considere seus esses direitos. É zeloso com aquilo que considera seu.

A maturidade faz muito bem para os filhos de Xangô. É nesse ponto da vida que se tornam mais calmos e equilibrados. Normalmente é nessa época que seus relacionamentos se tornam duradouros.

Começam cedo a trabalhar. Sendo que qualquer carreira que o coloque em contato com o público são as que mais se afinizam com seu perfil. Vendas, direito e qualquer cargo relacionado à justiça, qualquer cargo público, política, administração de bens de terceiros são algumas das opções.

É crítico, mas sempre embasando muito bem seu ponto de vista. E com a mesma sinceridade que critica, distribui elogios a quem os mereça.

Faz e gosta das coisas às claras, e uma vez empenhada sua palavra, esteja certo de que a cumprirá.

É otimista por natureza. Quando seus planos não dão certo não se deixa abater e passa a trabalhar para realizá-los, o que na maioria das vezes consegue. Por este motivo odeia pessoas pessimistas e com ar de perdedor.

As filhas de Xangô possuem forte tino comercial, amantes da natureza e da vida ao ar livre. Também são extremamente positivas.

Possuem franqueza e honestidade como pontos fortes, porém muitas vezes são indelicadas e ofendem sem intenção por este motivo. O tempo e a maturidade também corrigirão esses desequilíbrios.

De personalidade forte e independente, não gostam de ser mandadas, principalmente na relação afetiva. São crédulas por demais, chegando à inocência. Por isso precisam muitas vezes de um pulso forte para controla-las.

Detestam serviços domésticos, mas odeiam ainda mais a desorganização e a sujeira.

Como pais e mães os filhos de Xangô são companheiros, incentivando e estimulando suas crias. São amigos e aos olhos alheios podem parecer relapsos.

Sincretismo: São Jerônimo, São José, São Pedro, Moisés, São João Batista;

Data de culto: 30 de Setembro (São Jerônimo);

Saudação: Kaô Kabecilê - Venham ver e admirar o rei da casa;

Área de atuação: Justiça, equilíbrio, administração, negócio, aprimoramento;

Elemento: Fogo;

Chacra: Cardíaco;

Metal: Estanho;

Astro regente: Júpiter;

Nota musical: Sol;

Número: 12;

Dia da semana: Quarta-feira, (Em algumas vertentes é cultuado na Terça-feira);

Cor da guia: Marrom (branco e vermelho em algumas casas);

Cor da vela: Marrom (vermelha em algumas casas);

Pedra: Meteorito, pirita, jaspe;

Bebida: Cerveja preta;

Amalá: Rabada, acarajé, quiabo;

Frutas: Marmelo, caqui, fruta-do-conde, melancia, morango, manga (coração de boi) e mamão;

Flores: Lírio, cravos brancos e vermelhos;

Algumas ervas: Erva de São João. Erva tostão, louro, caruru, alevante, comigo ninguém pode, folhas de mangueira, folhas de marmeleira, folhas de seringueira, folhas de café, folhas de figueira, aperta ruão;

Local de oferta: Pedreiras, pedras perto do mar;

Animais: Porco do mato e aves malhadas;

Instrumentos: Oxé (machado de duas lâminas) e balança.

Umband'Boa.

Crie seu site grátis! Este site foi criado com Webnode. Crie um grátis para você também! Comece agora