XAPANÃ/OBALUAÊ/OMOLU
Também conhecido por Omulu, Xapanã e Babalu Ayê. A forma gráfica Abaluaê também é bastante comum. Entretanto, Omulu e Obaluaê são os mais utilizados.
O nome Obaluaê significa "Senhor Dono da Terra" e Omulu quer dizer "Filho do Senhor". Só pelos nomes já imaginamos o respeito que os africanos têm por este orixá.
Filho de Oxalá com Nanã, foi abandonado por sua progenitora em uma gruta, próximo ao mar, por ser manco, deformado e ter o corpo coberto de chagas. Foi adotado por Iemanjá que o criou como se fosse seu filho.
Assim como sua mãe, Obaluaê é um orixá originário do Daomé. As divindades dessa região africana são muito antigas. Nos cultos de Obaluaê e Nanã, por exemplo, não se usam utensílios metálicos, o que sugere que o culto a estas divindades pode preceder a idade do ferro.
Ao contrário dos orixás iorubanos, que são alegres, ativos, que possuem características que os aproxima dos humanos, os orixás do Daomé são sérios, contemplativos, deixando clara sua superioridade aos homens e, quando estes vem a Terra, são indícios de grandes catástrofes.
Com Obaluaê não é diferente. No passado foi temido por ser considerado o orixá da varíola e das doenças epidêmicas. Em tempos de epidemias, todas as cidades faziam grandes oferendas a este orixá, na intenção de afastar a doença.
Mas Obaluaê hoje é visto pelo que é. Um orixá bondoso que ajuda a todos que precisam, entretanto, aqueles que merecerem sua fúria, sentirão o pranto e o ranger de dentes.
Pelo lado de sua mãe biológica, recebeu o controle dos espíritos dos mortos (eguns), e de sua mãe adotiva, recebeu a guarda desses espíritos através da calunga.
Obaluaê rege as casas e postos de saúde, as clínicas, hospitais, necrotérios e cemitérios, em suma, todos os lugares onde a dor, a doença, o sofrimento e a morte se encontram.
A este orixá é atribuído o dom da vida e da morte, da cura e do alcance de toda sorte de bênçãos. Seu poder maior é a transformação, a transmutação das coisas e dos seres, cujo símbolo máximo é a morte física, que é a transformação da vida, passando a ser uma vida espiritual.
Atua na morte dos seres cortando o fio de prata que liga o perispírito ao corpo físico, e também é ele quem o liga no ato da reencarnação. Ele é morte, mas também é vida.
Obaluaê é a terra dura e quente, como a febre das doenças infecciosas, mas mesmo nesse terreno inóspito Obaluaê faz a vida surgir, conduzindo e transformado nossos defeitos em virtudes.
Obaluaê é a morte para uma nova vida, é a saúde, a prosperidade.
Usa um capacete e roupa feita de palha da costa que não deixa visível nem seu corpo e nem seu semblante. Algumas lendas dizem que Iemanjá preparou essa roupa para o filho, para que ele pudesse esconder seu defeitos e, principalmente, a lepra que carrega. Outras lendas dizem que a roupa existe para guardar os olhos de quem o vê, pois se olhássemos diretamente para ele seríamos cegados pela energia irradiada de seu corpo, semelhante a um sol.
Obaluaê sempre teve poder sobre os mortos, mas algumas correntes defendem que ele conheceu todos os oruns (céus) e dominou todos os seus mistérios, de forma a não haver entidade positiva ou negativa que o incomode em suas andanças pelo além.
É temido por todos os espíritos por possui o dom de converter um espírito em um ovóide, o qual cola no teto de sua caverna enquanto considerar necessário.
Outra lenda diz que Oxalá, vendo Obaluaê crescer em poder com o passar do tempo, teve medo de que ele ultrapassasse seu próprio poder, colocando sobre ele todas as dores e o sofrimento dos humanos. Vendo seu corpo coberto de doenças e pústulas, Obaluaê pergunta a Oxalá:
- Por que fez isso comigo?
Ao que Oxalá responde:
- Vendo o crescimento de seu poder, tive medo que se tornasse um tirano, então coloquei o sofrimento do mundo sobre você para que jamais se esqueça de ajudar os homens que são fracos e tanto precisam de nossa ajuda.
Assim como Oxalá que se divide em Oxaguiã (o novo) e Oxalufã (o velho), este orixá cujo nome primeiro é Xapanã, divide-se em Obaluaê, o jovem e curador de doenças, e Omulu, o velho que dominou todos os segredos dos mortos.
É também conhecido como padroeiro dos pobres, humildes e doentes. Quem pede com respeito e humildade a Obaluaê, é prontamente atendido.
A febre, a doença (em especial as de pele e as contagiosas), cegueira e surdez, catapora, varíola e sarampo, são consideradas manifestações deste orixá que somente age quando existe necessidade de purificar a humanidade.
Ainda todas as dores que sentimos, sem importar a origem, o calor abafado, a agonia, a ansiedade, a coceira e o mal funcionamento dos órgãos também evidenciam a sua presença.
Obaluaê é a força da natureza que rege o incômodo de um modo geral.
É protetor dos aleijados, mutilados, doentes mentais e de todos os enfermos.
Enfim é o orixá da misericórdia. Está ligado ao oculto com muita força e muito temos para desvendar dessa força da natureza.
Invocamos Obaluaê em todos os momentos, principalmente em casos de doenças.
Características dos filhos de Obaluaê
Os filhos de Obaluaê são cautelosos e discretos, sempre presentes mas pouco notados. São rústicos e desajeitados, faltando-lhes a diplomacia e o bom gosto.
Ambiciosos e combativos, gostam de planos a longo prazo, e quase sempre alcançam seus objetivos. São perseverantes, gostam de estabilidade, tendo muita dificuldade para aceitar mudanças.
São realistas, lógicos, resignados, humildes, conservadores, e optam por uma vida de renúncia.
Não gostam de crianças, os homens não tem sorte com as mulheres e as mulheres não são boas mães.
Na vida profissional, são exigentes e meticulosos, possuindo grande senso de responsabilidade. Compreensão, amizade e generosidade são qualidade que aparecem mais facilmente no ambiente de trabalho.
Em desequilíbrio são levados a esquisitices, vaidade exagerada, maldade, morbidez, intolerância.
Ocultam sua individualidade sob uma máscara de austeridade. Socialmente são superficiais e intimamente são profundos e distantes.
Apaixonam-se por pessoas totalmente diferentes de si, como figuras extrovertidas e sensuais, por exemplo.
Normalmente são irônicos, secos e diretos. Não falam pelas costas e nem levam desaforos para casa. Odeiam fofocas.
Gostam de solidão. Não se sentem satisfeitos quando a vida corre normalmente. Gostam de mostrar seu sofrimento, se bem que exageram um pouco neste quesito.
São muito independentes e tem a necessidade de crescer com suas próprias forças e recursos.
Apresentam pouco brilho no rosto e semblante sério, com poucos momentos de descontração. Adoram fazer caridade e aliviar o sofrimento dos outros.
Sincretismo: São Roque - São Lázaro;
Data de culto: 16 de agosto - 17 de dezembro;
Saudação: Atotô (Silêncio, respeito);
Área de atuação: Vida, morte, cura e transformação;
Elemento: Terra;
Chacra: Básico;
Metal: Chumbo;
Astro regente: Saturno;
Nota musical:
Número: 3;
Dia da semana: Segunda-feira (almas); (Em algumas vertentes é cultuado na Quarta-feira);
Cor da guia: Preto e branco, em algumas casas lilás ou violeta;
Cor da vela: Preto e branco, em algumas casas lilás ou violeta;
Pedra: Obsediana, ônix;
Bebida: Água mineral, vinho tinto, café;
Amalá: Feijão preto, pipoca, amendoim torrado e pilado (abadô);
Frutas: Abacaxi, laranja, maracujá, uva preta;
Flores: Crisântemo branco, monsenhor branco, dálias escuras;
Algumas ervas: Eucalipto, guiné caboclo, folha de bananeira, erva de bicho, velame, agoniada, manjericão roxo, carobinha do campo, cordão de frade, alfazema, cinco chagas, barba de velho;
Local de oferta: Cemitérios, grutas e praia;
Animais: Cachorro, caranguejo e galinha d'angola;
Instrumentos: Xaxará (cetro de palha da costa adornado com búzios).
Umband'Boa